Calor em NYC |
Como na maioria das grandes cidades do hemisfério norte, Nova York celebra o verão com uma série de shows para todos os gostos e bolsos. A mais famosa delas por aqui é o Summerstage, que reúne artistas das mais variadas procedências e estilos em parques espalhados pela cidade, praticamente todos os dias, de julho a setembro.
Ontem, no Central Park, foi a vez do M83, banda francesa(!) shoegaze, em inspiradíssima apresentação. E o tio estava lá prá conferir, cercado de garotos ainda imberbes, caindo aos montes feito moscas - chapados de calor, de bebida e THC -, em uma festa ao ar livre que há anos não participava. Loucurinha bem doidona!
Registrando o registro |
Os caras são feras. Trafegam com habilidade do indietronic ao synthpop, e levaram a multidão que se reuniu ali ao mais absoluto delírio.
Mesclando sons viajantes setentistas que lembram Pink Floyd ao bate-estaca dos mais furiosos, que remetem aos bons tempos do New Order, o M83 mostrou uma competência pop ao vivo que, pelo menos para mim, era totalmente insuspeita.
Anthony Gonzales, Central Park 2012 |
Alias, a banda, como um todo, funciona muito bem. Formada por músicos multi-instrumentistas, que passseiam dos teclados à percussão, durante toda a apresentação parecem se divertir com o público e, realmente, curtir o que estão fazendo.
Morgan Kibby, enlouquecida no bate-cabelo |
Jordan Lawlor, no baixo e teclados, faz sua parte - apesar de ser visivelmente o mais jovem da trupe -, com grande competência também. Mas quem arrasa mesmo é Loïc Marin, o baterista. O cara destroça seus tambores, rouba a cena e leva a banda, literalmente, na mão. Sua performance é inacreditável. Pura energia e entrega.
Saí dali exausto, completo, com a alma lavada em suor e alegria. Mas sentindo também, em algum lugar do meu coração, uma certa melancolia, por entender que poder estar aqui e participar disso tudo tenha talvez demorado demais para acontecer.
Talvez fosse mais divertido, mais coerente, se tivesse 20 anos, se ainda contasse com a disposição e a coragem irresponsável de um menino. Mas, convenhamos, já não tenho mais idade para procurar coerência em nada do que vivo...
Sei dizer que, claudicando por entre as árvores centenárias do Central Park, em perfeita comunhão com a molecada ainda em êxtase, voltando para casa, percebi exatamente o sentido da expressão "antes tarde do que nunca".
M83 no Summerstage, New York, 08/08/2012 |
É isso. Deixo vocês com um registro de Midnight City, desse mesmo show, gravado em Newark, em abril último. Atentem para o nervoso solo de saxofone no final da apresentação. Infelizmente não creditado, nem no show nem no YouTube.